É um clichê sem dúvida, mas não tenho como não recorrer a ele!
Quantas
vezes já ouvimos, desde os tempos do primário, que o Brasil é o país do futuro?
Celeiro do mundo! Berço de riquezas e prosperidade! Repetem tanto e por tantas
vezes que ficamos anestesiados. Quem repete e com qual intenção? Acho que nem
eles sabem. Repetem porque ouviram. E assim, a fábula se perpetua!
Há
certos assuntos que somente com a nossa vivência, após tantas experiências e
mais alguma coisa, acabamos tirando nossas próprias conclusões, independente do
que continuem a nos bombardear com palavras.
Por
exemplo, o progresso. Quanto abstrato isto lhe parece? Progresso pessoal,
profissional, comunitário, etc.
Vou
dar o exemplo do bairro onde eu cresci.
Na
Vila Ema não tinha ônibus na década de 1970; hoje tem uns 03 ou 04 na linha
314c que circulam há mais de 10 anos, andam sempre lotados e parecem estar
sempre atrasados quando precisamos deles.
Não tinha gás encanado e continua não tendo. Não tínhamos um bom comercio de roupas, eletrodomésticos, móveis, serviços em geral antes da era dos shoppings. Quando chegaram os shoppings – em outros bairros claro, continuávamos não tendo. Hoje os shoppings estão encolhendo, mudando a sua estratégia de atuação. E a Vila Ema continua sem nenhum dos comércios que eu mencionei.
Se
fosse perguntado a um morador que por hipótese nunca tivesse saído do bairro, o
que é um hospital, ele diria que não existe, pois nunca viu algum por aquelas
bandas. Pronto socorro, supermercado, colégio, também só existem na ficção,
diria esse morador!
Mas banco tem, né?
Afinal, eles estão por todos os lados!
Menos na Vila Ema!
Aqui também não tem!Os moradores caminham por vários quarteirões até achar uma lotérica. É assim a vida dos moradores.
Mas imaginem a situação do Brasil.
Eu já ouvi e li que o slogan do JK, lá pelos
idos dos anos 1956, era construir indústrias e fazer em 05 anos obras de
infraestrutura que com outros governantes no poder levaria 50 anos para
conclusão. E fez muito mesmo, admitamos! Mas foi só! Nunca mais consegui ler
notícia semelhante. E nem ver!
Alguém
já ouvir dizer que o Brasil tem rodovias suficientes para o tamanho de seu
território e em boas condições de tráfego? Que temos portos em todos os locais
em que seja possível e com boa estrutura? Podemos viajar de trem para todas ou
pelo menos algumas das principais capitais do país? A população tem bom atendimento
hospitalar? Alguém já ouviu dizer que a população carcerária diminuiu de um ano
para o outro? Em qualquer ano! Ou que os presídios oferecem condições básicas, dignas
para a recuperação de algum cidadão?
Quando
o Brasil teve mais oferta de empregos do que trabalhador desempregado?
Por
que os nossos sistemas de ensino possuem as piores notas de avaliação nestes
rankings elaborados periodicamente pelos organismos internacionais?
Por
que as faculdades públicas são frequentadas somente por alunos que têm
condições de pagar pelos estudos?
Quando
algum parente seu obteve uma aposentadoria digna e de acordo com o tempo que
trabalhou ou pelo tanto que contribuiu?
A
sua família já conseguiu fazer algum tipo de poupança?
Você
considera justo o valor que paga de impostos?
Nos
meus mais de 60 anos vividos, sempre ouvi que tudo isso seria melhorado algum
dia.
Após
a 2ª guerra mundial o Japão era um país devastado que comprava produtos
americanos, desmontava, analisava e fazia cópias. Seus produtos tinham fama de
serem piores do que os paraguaios. A Alemanha se humilhou diante dos Aliados e
se sujeitou a todas as imposições dos vencedores. Hoje é uma potência econômica
na Europa.
O
Japão, em 50 anos, saiu do zero para uma referência mundial em termo de
qualidade de seus produtos, Sony, Toyota, Cannon e tantos outros. Sua economia
é uma das mais sólidas do mundo e por aí vai!
Dá para comparar?
Se nem nos bairros vemos progresso!
Quando
afinal começa o futuro para o Brasil? Ou esse blá blá blá é a justificativa dos
que teriam que fazer alguma coisa e não fizeram nada?
Acho que agora entendi!
Repetir o mantra do progresso é para não tirar o pouco que resta aos mais Jovens.
Esperança!
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